A chamada era pós-industrial trouxe uma série de consequências para as relações humanas, notadamente para o mundo do trabalho. Reflexos dessas mudanças são percebidas diariamente e seus sintomas são observados nas carreiras, nos planos profissionais, na dinâmica de tarefas, nos salários e no controle de jornada – tema deste post.
Antes de entrarmos neste novo paradigma, convém darmos alguns passos atrás, e nos lembrarmos sobre como era o mundo do trabalho antes do fim do século passado.
Passada a nova revolução industrial, em alguma medida as atividades econômicas nos países desenvolvidos e em desenvolvimento estavam bem determinadas em quatro eixos principais: agricultura, indústria, comércio e serviços.
Quem tinha oportunidade de buscar uma carreira – quer seja por meio da qualificação profissional, quer seja por experiência adquirida – definia um projeto para a vida toda.
A partir dos 20 e poucos anos, aquele cidadão poderia dizer como passaria o resto de sua jornada economicamente ativa: em um consultório odontológico, em um escritório de contabilidade, atrás de um balcão de comércio; em uma linha de produção automobilística, em uma oficina mecânica, na lavoura cafeeira; em uma redação de jornal, em um clube de serviços, no próprio negócio.
Havia, portanto, uma dimensão muito clara de carreira, com salários definidos, entidades sindicais fortes e uma organização do mundo do trabalho distanciada do foro íntimo – a casa, a família e o lazer.
Obviamente, este cenário trazia vantagens e desvantagens. Entre as vantagens, naturalmente, a solidez de uma vida profissional. Entre as desvantagens, os efeitos da obsolescência de determinadas carreiras e a maior sujeição às crises econômicas para determinadas atividades. Um refreamento do consumo, por exemplo, pode levar parte da indústria metalúrgica a demitir em massa.
O avanço tecnológico percebido sobretudo a partir da virada do milênio criou novos paradigmas no mundo profissional.
Uma legião de carreiras novas foi impulsionada para cuidar de temas como desenvolvimento de softwares e aplicativos, robótica, inteligência artificial e inovação em serviços, processos e produtos.
Redes conectadas dinamizaram as relações, antes circunscritas às atividades presenciais. A modernização dos meios de transporte encurtou distâncias e um mesmo produto pode passar por cinco países diferentes antes de ganhar a etiqueta e ser vendida ao consumidor final.
Os aplicativos revolucionaram o mundo dos serviços – alimentação, transporte, turismo e relacionamentos. A produção intelectual sofreu disrupturas ligadas ao novo padrão de consumo de informação, notícia, filmes e música.
São apenas alguns exemplos deste novo fenômeno, ainda em curso, que pôs em xeque as formas tradicionais como enxergávamos as coisas. E isso vale, naturalmente, para o mundo trabalho.
Sobretudo os profissionais mais jovens, acostumados a soluções mais rápidas e eficientes para os dilemas do dia a dia, passaram a não enxergar mais sentido em carreiras estanques, com regras muito rigorosas e sem perspectivas. E aqui não estamos falando “apenas” de perspectivas de progressão, mas sim de possibilidade de mudanças estruturais – novos projetos, novos desafios.
Em geral, esse pessoal continua qualificado, mas a noção de carreira mudou muito. Áreas multidisciplinares, repertório cultural, idiomas e versatilidade são requisições mais prioritárias do que apenas um diploma de graduação ou estabilidade financeira.
É óbvio que este cenário também trouxe problemas, como a perda da noção de classe trabalhadora, a ruptura da fronteira trabalho-casa e os impasses ligados à flexibilização trabalhista.
Ao mesmo tempo, abriu frente para uma série de novos arranjos que tendem a transformar o mundo profissional em caso mais dinâmico, qualificado e, por que não dizer, prazeroso.
Ao poder construir sua própria rotina de trabalho, a dimensão do tempo foi irrompida e agora parte dos profissionais consegue conciliar os planos pessoais com as metas profissionais. E aí é que entram as novas propostas de controle de jornada de trabalho.
O expediente fixo, requerido na maioria das carreiras, tende a criar jornadas enfadonhas e com pouca margem para inventividade. Ao final do dia, o trabalho é fechado na gaveta e todo o senso criativo é interrompido para dar lugar a outras missões cansativas do cotidiano – o trânsito, os boletos e as tarefas do lar.
Já o expediente aberto e dinâmico providenciado pelas conexões em rede abre margem para um profissional que elege o ápice de seu ímpeto criativo para cuidar das coisas do trabalho quando lhe convier. E isso é muito bom em determinadas carreiras, como as ligadas à tecnologia da informação, à indústria criativa e a determinados serviços.
É óbvio que não se trata do “fim” do trabalho convencional – mas uma coisa que a pandemia de coronavírus mostrou é que há uma legião de carreiras que não precisam mais desafiar a mobilidade urbana de nossas cidades para ser empreendidas em escritórios e espaços físicos, e pode perfeitamente ser adaptada à rotina comum do cidadão em sua casa.
As jornadas passam a ser controladas por regime de metas ou entregáveis, e no aspecto quantitativo as “horas” podem ser marcadas por aplicativos e outros sistemas.
Porém o Brasil possui legislações trabalhistas rígidas e muito detalhadas. Sobre o tema de controle de jornada de trabalho, existem, além da conhecida CLT, duas portarias do antigo Ministério do Trabalho12, são estas: a 1510, que regulamenta o REP – Registro Eletrônico de Ponto e o Sistema de Controle de Ponto e a 373, que regulamenta o uso de dispositivos e formas alternativas de marcações.
Portanto, é muito importante que a empresa que decida por uma flexibilização de jornadas e locais de trabalho, esteja atenta ao cumprimento das leis e portarias, evitando assim os litígios e autuações trabalhistas. Consultem sempre seu jurídico ou contabilidade. Os consultores da ControliD são especialistas no assunto, podendo auxiliar na decisão sobre a solução mais adequada para cada empresa e necessidade.
Algo mudou no mundo do trabalho e também no controle de jornada. E os sintomas disso já estão na rotina de todos nós.
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Este post foi modificado em 11/06/2020
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