O uso massivo de máscaras de proteção – recomendação básica para evitar a disseminação do coronavírus – pôs em xeque uma das mais avançadas tecnologias de biometria: o reconhecimento facial.
Afinal de contas, o método consiste em reconhecer o formato e todas as feições do rosto, agora obstruídos pelos objetos de proteção.
A Apple foi uma das primeiras a observar esse entrave – uma vez que o sistema de desbloqueio por reconhecimento facial, o Face ID, parou de funcionar entre os usuários “mascarados”. Todos os modelos lançados a partir de 2017, com exceção do iPhone SE 2, dispõe desta funcionalidade e, desde o iPhone X, a biometria digital foi aposentada.
Recentemente, uma atualização foi disponibilizada e o acesso por senha foi liberado para os usuários que estão de máscara.
Já a Uber se antecipou e fez do acesso por máscara uma exigência entre os motoristas. Agora, quem dirige pelo aplicativo precisa cadastrar uma foto com o utensílio de proteção – uma espécie de prova que o motorista está empenhado em se prevenir e proteger também os passageiros.
Outras soluções mais “exóticas” já foram lançadas, como as máscaras feitas com o desenho do rosto impresso. Assim, o usuário consegue se proteger e garante a liberação pelo reconhecimento facial. Em fase de pré-venda, o utensílio pode ser adquirido por aproximadamente US$ 40.
Há ainda a adaptação dos sistemas para reconhecimento da íris – uma vez que os olhos ficam liberados – mas a tecnologia é mais cara e demanda atualização dos dados dos usuários.
Já a Xiaomi acaba de desenvolver uma máscara que não afeta o reconhecimento facial, que de quebra monitora a qualidade do ar.
No âmbito da segurança pública, a recomendação sobre o uso de máscaras inseriu um novo ingrediente na inventividade dos criminosos, que agora podem ter a identificação dificultada em função do item de proteção.
Crimes contra o patrimônio com o uso de máscaras já foram registrados no Brasil recentemente.
Como a pandemia é um evento temporário – ainda que seu fim seja impossível estimar – quem disponibiliza controles de acesso pelo reconhecimento facial pode encontrar soluções igualmente provisórias, com o intuito de conciliar segurança sem necessidade de investimentos elevados.
Se o reconhecimento é feito com o usuário dentro do carro, nada impede que ele retire a máscara momentaneamente – uma vez que o objeto é dispensável dentro dos veículos, quando ocupados apenas por um passageiro ou pessoas que habitam a mesma casa.
Outra possibilidade é a adoção de métodos complementares, como dispositivos com leitura de cartão de proximidade ou a liberação manual de pessoal autorizado.
A biometria digital também oferece resultados seguros e, conforme já mencionamos aqui, não oferece riscos adicionais para o contágio da doença – uma vez que o simples toque em superfícies não é mais considerado risco elevado para transmissão do vírus.
Como a prevenção deve ser prioridade, a máscara não deve ser dispensada. O importante é encontrar meios, ainda que provisórios, de garantir a proteção e a identificação simultaneamente.
Este post foi modificado em 28/05/2020
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